A corrida faz mal à saúde?
A partir de um depoimento muito interessante apresentado no blog Pulso, do jornal O Globo (vide endereço em links), antecipo um comentário que estava na minha lista de idéias. Destaco que não sou da área de saúde, portanto, trata-se de uma opinião de leigo, de mero praticante do esporte. Correr maratonas faz mal à saúde? Ou ainda, a corrida faz mal à saúde?
Estamos falando de um esporte de grande impacto sobre o aparelho locomotor e que é muito exigente do ponto de vista cardiovascular. Mesmo com a melhor tecnologia disponível, calçados e demais acessórios, o número de contusões é elevado. E assessoria esportiva é importante, porém não faz milagres! Em poucas palavras, mesmo fazendo “tudo certo”, muita gente tem problemas... Falando da maratona, correr 42,195km é desgastante. Mesmo com preparação perfeita, é um grande estresse para o organismo. Mas posso dar com segurança um depoimento de que a distância, isoladamente, não é o principal fator de risco. Preparação e respeito aos limites individuais são decisivos. Estou apto a finalizar uma maratona perto de 4h, entretanto se eu tentar acompanhar um profissional, terei problemas rapidamente. A corrida não começa na linha de largada, mas no primeiro dia de treinos, na preparação! Quem pratica regularmente esse esporte, ou seja, quem treina, sabe.
Avalio que é muito mais perigoso correr 5 ou 10km sem qualquer preparação em alguma dessas inúmeras provas que assistimos atualmente. Ou mesmo simplesmente levantar do sofá e correr na praia em temperaturas extremas, sem hidratação compatível, por exemplo. O perigo está mais na atitude do praticante que no exercício.
No artigo citado inicialmente, o cardiologista Cláudio Gil faz algumas comparações interessantes: “Acontece morte súbita durante o exercício? Acontece. Mas você sabe quantas pessoas morrem atropeladas no Brasil por ano? 4.600. Sabe quantas morrem afogadas por ano? 8 mil. É uma morte estúpida, aquela pessoa é saudável. Dois minutos antes de ela morrer, ela estava saudável. Agora a morte no exercício só acontece com quem está doente. Você não consegue se suicidar fazendo exercício. Quem é saudável tem que fazer muita besteira para se suicidar no exercício.” Os grifos são por minha conta.
Por fim, o médico cita um estudo realizado com participantes de maratonas. “Eles colocaram um estudante para olhar os jornais da cidade nos três dias seguintes das provas para ver se tinha algum comentário sobre óbito. Identificaram 26 óbitos nas 4 milhões de participações. Aí, eles também foram aos departamentos das cidades, que disseram assim: num domingo típico, nas ruas tais e tais que foram fechadas para as provas, quantos acidentes de passagem houve no trânsito? Teriam sido 42 acidentes, com morte, ou seja, as maratonas salvaram 16 vidas.” Naturalmente a pesquisa carece de rigor científico, mas, ainda que em tom anedótico, é uma informação interessante!
Boas corridas!! Divirta-se!