Bruna Zolini: o retorno
A primeira pergunta que surge dos amigos após a corrida é: 'E aí? Foi bem?'.Nunca sei o que responder quando me fazem esta pergunta. É uma questão muito relativa e pessoal. A melhor resposta que tenho é: 'Depende. O que é ir bem pra vc?'
Após seis meses me recuperando de uma lesão grave, não resisti e resolvi voltar às pistas em alto estilo: na Corrida da Ponte. Com mais de 10 anos de experiência em corridas e já tendo participado das duas edições anteriores da Corrida da Ponte, estava apreensiva como se fosse minha primeira prova. Queria muito conseguir completá-la, sem dor, sem lembranças ruins de lesão. A corrida é minha paixão. Senti muita falta dela neste tempo em que ficamos separadas. Confesso que tenho outros affairs: a natação, por exemplo. Mas tenho muita saudade da corrida e não quero perdê-la de novo.
Pacientemente, passo a posso, sentindo minha respiração, olhando a paisagem, posando para fotos, cumprimentando amigos, analisando outros corredores, enxergando a vida ao meu redor e no meu interior, fui percorrendo cada metro, ansiosa pela chegada, mas com muita calma nas passadas. Mentalizei a minha chegada a semana inteira. Mesmo no trote, estava com o 'coração na boca' nos últimos metros de tanta emoção. Era a hora daquele filme que passa na cabeça de todo corredor ao se aproximar da chegada. Finalmente, consegui completá-la. Sem dor e muito feliz. Nos últimos metros, não estava mais correndo: estava flutuando, dançando nas pistas, como uma (ex) bailarina. Não ouvi música das caixas de som e ninguém falando ao microfone, pois uma valsa linda estava tocando dentro de mim. Eu era uma debutante em dia de gala. De mãos dadas, cruzei a linha de chegada, ofegante de emoção e com lágrimas de felicidade nos olhos.
Nossa, que saudade dos palcos... Ops, quero dizer, das pistas!
'E aí? Fui bem?' A resposta é: Sim! Fui muitíssimo bem, pois é muito bom viver e é melhor ainda viver podendo correr.