Comrades: O treinamento - parte I

30/04/2013 18:21

Experiência prévia é requisito, não garantia de sucesso. Tenho 11 maratonas e 1 ultramaratona no meu currículo esportivo. Sem treinador, sigo o roteiro padrão realizado por colegas que concluíram o desafio e as orientações apresentadas no site do evento. Tenho conhecidos que também se preparam para a Comrades, porém acabei treinando sozinho. Amigos ajudaram muito, mesmo objetivos diversos na corrida. Foram companhia em alguns trechos ou em treinos específicos, mais curtos. Fiz amizades e sempre fui incentivado. Acostumado a treinar sozinho, aprendi a correr em grupo.

Não há surpresas, não há segredo. É trabalho duro! Corrida longa exige treinos longos. A distância máxima usualmente percorrida na preparação é de 65 km, o que pode parecer distante dos 87 km do objetivo. Como debutante, apenas sigo a referência, a receita de sucesso.

O treinamento está sendo intenso. Iniciei a musculação 6 meses antes da prova. A maior quantidade de comida no prato não foi suficiente para impedir que as calças caíssem, junto com o meu peso indicado na balança. Planilha de treinos incluindo longões com mais de 50 km, mais de 60 km... UFA! Ah, incluindo muitas subidas, claro!

Quando a distância semanal passa de 100 km, torna-se quase imperativo “sair do asfalto.” Essa foi a recomendação dos meus amigos de Chão do Aterro, alguns com dezenas de maratonas no currículo esportivo.  E o Rio de Janeiro oferece boas alternativas: a areia fofa nas praias, a grama e a terra batida em parques e praças. Ossos, músculos e tendões agradecem a gentileza! O plano era incluir natação como parte do treino, mas como contar azulejos não é meu esporte preferido, não fui muito efetivo, apenas ajudou em algumas recuperações. Trata-se de um grande complemento, equivocadamente pouco utilizado.

Rapidamente, me tornei assíduo freqüentador da Praça Paris, na Glória. Seus 1.070m de perímetro aproximado são limitados em comparação ao vizinho Aterro do Flamengo, mas é um oásis da terra batida no Rio de Janeiro. Pouco a pouco, conheço os “amadores ilustres”, freqüentadores do local. Muitos deles correm rápido, mas tenho que recusar os convites para treinos de tiro ou para longões acelerados. Muitas vezes estão longe da minha capacidade, ou do meu treinamento atual. Na praça, o termo rodagem tem conotação literalmente circular! Dez voltas para um lado, mais alguns goles d´água, dez voltas para o outro. É repetitivo, mas nunca monótono.

Vou poupar o leitor da apresentação completa do percurso realizado nos treinos. A leitura seria mais cansativa que a corrida! Apenas informo que o padrão mais longo inclui o roteiro Paineiras - Alto da Boa Vista – Vista Chinesa e ou a orla da Zona Sul.

Qualquer treino em subida promovido pela equipe tornou-se obrigatório. A rota Paineiras via Sumaré também virou quase um lugar comum. Com ou sem companhia. Mochila de hidratação abastecida em pontos estratégicos como o vendedor que fica na portaria da Floresta da Tijuca, quiosques ou a nascente entre a Vista Chinesa e a Mesa do Imperador. Corredores e ciclistas conhecem! Após ficar com fome em um trecho crítico, o tradicional gel carboidrato ganhou companhia de barras de proteína. Depois, qualquer alternativa comestível passou a ser potencialmente bem vinda. Até alguns pastéis (!) foram devorados durante um treino mais longo. Lembro de um antigo “lema”, construído com um amigo em uma viagem: estômago de aço! Valeu na preparação para a Comrades.

Em breve, comento detalhes dos principais treinos.