Depoimento: Maratona do Rio 2011
Para mim, o evento começou com uma pequena decepção. Nada sério, coisa pessoal mesmo. Nos últimos anos, a meia maratona tinha camisa verde e a maratona, laranja. Criei certa expectativa pela “mudança de cor” da minha, na primeira maratona em casa. Nenhuma preferência cromática, apenas um registro de evolução. Adicionalmente, com a troca no fornecedor do material esportivo, acabei escolhendo um tamanho pequeno. Falha minha...
Depois de alguns equívocos do motorista do ônibus da organização diante de ruas fechadas para a corrida, finalmente chegamos. Em tempo, mas muito próximo do horário. Longas filas, conseqüência da pequena quantidade de banheiros. Largo praticamente sem aquecimento, erro que nunca mais cometerei. Melhor começar atrasado, porém devidamente preparado. O incômodo que senti na virilha ao longo da prova é, certamente, conseqüência dessa pressa. Podia ter sido muito pior, com sorte, o saldo foi positivo. Não tive maiores problemas. Sobre a organização, uma sugestão é descentralizar os ônibus rumo à largada, estabelecer diferentes pontos de partida. Pra mim, a localização atual é ótima, mas reunir muita gente no mesmo lugar gera facilidades e dificuldades.
A distribuição de água, inicialmente muito deficiente, fica aceitável ao longo da prova, no entanto garanti dois copos por posto de hidratação. Estratégia acertada; naquele calor, o risco de problemas é crescente. A Maratona de São Paulo fica como exemplo. De fato, lá a estrutura foi impecável. Água abundante. Distribuir isotônico em garrafas de 500ml é desperdício, embora tenha um benefício prático, é menos trabalhoso. A grande maioria dos corredores tomava apenas alguns goles. Especialmente no Rio, ter muitos postos com água não é regalia, deveria ser obrigação!
Um belíssimo dia de sol para quem assiste, exagerado calor para quem corre. Bom para fotos, cartões-postais e para suar muito! Dia de praia! E de corrida... De volta às passadas. O trajeto é realmente espetacular. Já tinha corrido 2 meias nesse trecho final da maratona e uma outra que foi semelhante à primeira parte. Muitas pessoas parando para fotos, estrangeiros admirados com as belezas naturais. Esse é o grande cartão de visitas da cidade.
Depois de bater meu recorde pessoal na distância e romper a barreira de 4h há um mês, a idéia era correr bem, com tranqüilidade e sem compromisso com o relógio. A minha terceira maratona teria uma característica diferente, agora era no Rio. Encontro mãe no 33º km, avô e avó no 36º km e esposa no 38º km. Era bom estar ao menos “apresentável” nesse trecho já desgastante da prova! A estratégia era me poupar e aproveitar a experiência até então, só depois aumentar a freqüência das passadas. Velocidade máxima no último quilômetro, um importante teste das minhas condições. Completo o 42 º km em acelerados 5min/km, guardando fôlego especial para a melhor parte, os últimos 195 metros. Linha de chegada logo à frente, hormônios e gritos do público levando ao estímulo extraordinário. Finalizo a 3:11 min/km. Alegria e a comprida missão, de fato, cumprida! Completei 42,195 km na minha cidade, onde sempre treino. Um dia especial, de muita diversão.