O Império, a metrópole e a colônia

23/06/2014 11:43

 

No pontapé inicial, apresento meus critérios de torcedor na Copa do Mundo:

1.                 Brasil! Inclui resultados de terceiros que nos ajudem.

2.                 Contra a Argentina! A rivalidade na bola dispensa comentários.

3.                 Muitos gols e um jogo emocionante.

4.                 Algum time de maior empatia no momento, quando não afete o Brasil. É bem flexível... Destaco que admiro o jogo da Alemanha e da Holanda.

 

Observação 1: Torcer contra os grandes campeões, nossos rivais históricos, é, num sentido amplo, uma torcida pela liderança brasileira.

Observação 2: jogando em território nacional, torci contra os uruguaios, motivado por um ressentimento de 1950. Não os vejo como grandes rivais. Suas vitórias são antigas, me lembram o Botafogo.

Com o Brasil em campo, antes de um bom jogo, quero vencer. Gostaria de ser campeão numa companha contra bons adversários, mas a prioridade é a taça. Escolher um time – o clube do coração - tem motivações das mais imprevisíveis. Uma seleção, é quase ato contínuo. É o seu país e pronto. Quando ele está de fora, segue-se o exemplo dos clubes.

Considero a maior bobagem possível torcer contra o seu país. Não é exatamente um crime lesa-pátria, uma traição. Como eu disse, uma bobagem. Especialmente se rotulada de protesto. Entendo quem deteste futebol, os que têm laços pessoais com outros países etc. Torcer contra o seu, é no mínimo antipático. Mude de canal, veja um filme, viaje para algum buraco no planeta que não goste de futebol....

Torcedores têm o hábito de transportar a política para o campo de jogo. O esporte tem essa dimensão, especialmente nas Olimpíadas. Os americanos são transformados em grandes rivais, mesmo com seus resultados pouco expressivos no soccer. Aquela simpatia pelo mais fraco é bastante comum. Trata-se de uma discreta e indireta manifestação de pena. Assim, africanos e países pequenos ganham torcedores adicionais.

Gols e desenvolvimento não são intercambiáveis. O desenvolvimento socioeconômico pode ser transformado em gols, nunca o inverso. O gigante pela própria natureza foi um intruso frequente num clube predominantemente rico. Somos pobres, mas bons de bola. No futebol, somos ricos de taças. Então o juiz apita e a bola não é comestível... E ainda ficamos surpresos com manifestações!

Aí entram em campo portugueses e americanos. Qual seria a nossa preferência? Na bola - ao menos antes dela rolar - os americanos são os adversários teoricamente mais fáceis. Se argumentação for extra-campo, a escolha é mais fácil e levam à mesma resposta! Laços históricos de amizade com Portugal? Eles ficam com o ouro, nós com os buracos... Bom, recomendo selecionar melhor os seus amigos! Mais que o sentimento de colonizado, isso é síndrome de Estocolmo.

Por fim, lembre-se do mais importante: jogo de futebol apenas é ótimo entretenimento, não é urna.  Brinque na Copa, não na eleição!