“O parafuso!”

06/06/2014 17:47

“O parafuso!”

E assim, sacudido por esse pensamento repentino, acordei sobressaltado da minha tentativa de descanso pré-Comrades 2014. Era angustiante, eu precisava encontrá-lo!

 

 

A partir da simples iniciativa de correr 89 km, as pessoas já duvidam da quantidade de parafusos da minha cabeça. Depois desse susto improvável, no mínimo eles estão mal fixados! “Ah, ele achou o parafuso faltante e agora desistirá dessa maluquice!”, poderia pensar um engraçadinho... Não exatamente! A explicação leva a um episódio de dias antes. Acompanhe:

Eu e meus camaradas de prova fizemos o tour oferecido pela organização para conhecer o trajeto e o museu. Seguimos de ônibus, sob comando de um veterano. Tom Cottrell já obteve bons resultados correndo e orientando corredores, é mais um apaixonado pela Comrades. Ele revelou a preferência pelo down run com uma curiosa justificativa: “a subida te deixa dolorido por dois ou três dias, a descida, por uma semana. É mais tempo mancando. Assim, mais pessoas perguntarão o que aconteceu e eu poderei mostrar a medalha mais vezes!” Definitivamente, não é uma corrida para portadores de parafusos bem fixados e no número adequado. Todos ali sabem disso e recebem a definição de “maluco” como um elogio honroso.

No roteiro, está prevista uma emocionante visita a um abrigo para excluídos. São crianças com deficiências físicas ou mentais, incluindo albinos, que na África foram especialmente perseguidos. Somos recebidos com cantos, danças e sorrisos típicos. Ao final, cada corredor foi presenteado com um pequeno parafuso, em sinal de boa sorte. O novo amuleto deveria nos acompanhar no desafio naquelas montanhas.

A noite antes de uma corrida importante é sempre agitada. Quanto mais cedo começa a programação, pior. O medo de atrasos impede que o corpo relaxe. O despertador tocará às 02:00 de Durban, o que significa 21:00 no Brasil e no meu corpo. Nosso indispensável jantar de massas acabou perto das 19:00 e pouco depois eu já estava esticado na cama. Breve cochilo e... estamos no começo da história. Inicialmente negligente, essa peça foi esquecida na minha arrumação. Depois do susto, fico orgulhoso da minha capacidade de organização – os amigos entendem a ironia! – ao achá-lo rapidamente no local previsto. “Agora estou pronto!” Mas o sono não voltou...