Rocinha de braços abertos! - relato da corrida
É verdade que o esporte é grande integrador social. Mas, com o uso exagerado, a afirmativa tornou-se um lugar-comum, esvaziada de significado. Naquele domingo, havia uma novidade. Corríamos num lugar incomum. Civis e militares, moradores da Rocinha e de outros bairros, cariocas e nascidos em outras cidades, brasileiros e estrangeiros. Policiais ou não, éramos todos apenas corredores. Compartilhamos suor e esforço em subidas (difíceis!) e descidas, no asfalto e em trilhas. Vencemos escadas e becos, completando 5 ou 10 km. Um evento completo!
Poucos pensavam em velocidade, a maioria preferia apenas aproveitar a oportunidade. Aguardar calmamente pela sua vez – você parado e o cronômetro correndo! – seria improvável nas provas no Aterro do Flamengo. Antes das escadas da Rocinha, era natural. Além de uma ótima oportunidade para recuperar o fôlego e apreciar a vista!
A grande quantidade de policiais armados ao longo do trajeto lembrava o passado, ainda recente, de violência, mas o sorriso de corredores e de espectadores renovava a esperança no futuro, destacando a alegria do presente. Torcemos para que a Rocinha seja um lugar-comum também nos treinos dos corredores e nas páginas esportivas. Uma corrida memorável. Acho que o Cristo Redentor ganhou um concorrente, igualmente de braços abertos. Só faltou o abraço!