Viagem ao Centro da Galáxia

29/07/2011 13:30

Texto de Rodrigo Cabral

Os times de futebol, as galáxias e o espaço-tempo se movem por meio de espirais.

E nós primatas existimos devido à contínua ingestão e expulsão de oxigênio. Tomamos água e

suamos e, quando somos felizes, conseguimos meditar caminhando, transcender

correndo, entrar em alfa acompanhando uma partida de futebol.

Quando somos infelizes nos resta reclamar, xingar, maldizer. A irritação nos

turva o cérebro. Só enxergamos os erros do nosso time. Nossa torcida se volta

contra sua própria crença e, súbito, THE END: queremos matar o pai e

***** a mãe. 

Queremos maltratar aquelas cores em movimento, as cores que também nos

constituem. Queremos mandar certo jogador de volta para Argentina ou

quem sabe envelopá-lo para algum confim do sistema solar.
 Um passe errado, na hora errada, e viramos megafones. Mesmo que, atônitos,

o grito seja dado por dentro. E aos, 44 do segundo tempo, uma pergunta

cruza a mente: por que eu ando com esse time? Por que deixo meu tempo

brincar com ele, como se fôssemos cachorros?

Interrompendo nossas heresias, o árbitro marca um pênalti contra o Grêmio.

E descubro que o futebol serve para isso mesmo, para testar nossa tolerância,

nossa capacidade de torcer (que no fundo - ou no astral - é uma imensa capacidade

telepática).

Então, aos 45, o goleiro reserva salta como um puma e pega a bola. 0 X 0. Dois olhos

espantados que nos miram desde o centro galático da vida. E do futebol.

Figueirense 0 X 0 Grêmio - Orlando Scarpelli, Florianópolis 20/07/2011

 Comentário:

Rodrigo! Muito obrigado pela colaboração! Penso que conseguiu, em poucas palavras, expressar muito bem um comportamento que temos eventualmente ao longo do tempo, especialmente quando torcedor. Com ou sem jogo de futebol.